quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Pensamento

QUANDO OS SÓCRATES FOREM APENAS FILÓSOFOS; 
OS ALEGRES APENAS CRIANÇAS; 
OS CAVACOS APENAS INSTRUMENTOS MUSICAIS; 
OS PASSOS APENAS OS DE DANÇA; 
OS LOUÇÃS APENAS ERROS ORTOGRÁFICOS; 
OS JERÓNIMOS APENAS MONUMENTOS NACIONAIS; 
OS JARDINS LOCAIS DE LAZER 
E PORTAS SÓ DE ABRIR E FECHAR...

... VOLTAREMOS A SER FELIZEs!

domingo, 20 de dezembro de 2015

Natal

Enquanto a chuva 
Escorrer na minha vidraça 
E furar o telhado 
Daquele farrapo de homem 
que além passa, 
Enquanto o pão 
Não entrar com a justiça
Lado a lado 
Mão a mão, 
Nem Jesus vem 
Andar pelos caminhos onde 
os outros vão.

Um dia 
Quando for Natal 
(E já não for Dezembro),
E o mundo for o espaço 
Onde cabe 
Um só abraço 
Então, 
Jesus virá 
E será 
À flor de tudo 
O Redentor Universal.

Quando o Homem quiser, será Natal! 

 Manuel Sérgio


segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Foi nessa idade que a poesia me veio buscar
Não sei de onde veio
Do inverno, de um rio
Não sei como nem quando
Não, não eram vozes
Não eram palavras
Nem silêncio
Mas da rua fui convocado
Dos galhos da noite
Abruptamente entre outros
Entre fogos violentos
Voltando sozinho
Lá estava eu sem rosto
E fui tocado.

Pablo Neruda


sábado, 15 de agosto de 2015

CECÍLIA MEIRELES, in ANTOLOGIA POÉTICA (1963; Nova Fronteira, Brasil, 2001; Relógio D'Água, 2002)

RETRATO
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?
*
Óleo sobre tela: Reflection, de Wendy Delgado
*
(CC)


terça-feira, 2 de junho de 2015


Quarenta anos a namorar


Minha linda namorada
Dos anos que já lá vão
Foste sempre a minha amada
A dona do meu coração
Minha linda namorada
teus dotes que belos são
Só quero de ti minha amada
A ternura do teu coração

Há trinta e cinco anos era assim
E assim continuará a ser
Quero que sejas para mim
O bálsamo do meu sofrer
Contigo aprendi a amar
E também aprendi a sofrer
Hei-de sempre recordar
O nosso amor até morrer

Nesse tempo tudo te dava
Vê lá o que me lembrou
Do muito que então sobrava
Agora nada te dou
Agora nada te dou
Sei bem que não te ofendes
Eu sou aquele que te amou
Tu bem me compreendes

No dia dos namorados
Com amor esta rosa te dou
Que lindos sonhos dourados
O teu namorado contigo sonhou
Ainda somos namorados
Acho bem que assim seja
Na verdade somos casados
Pelo civil e pela igreja.


Alcino Augusto de Seixas



                         

domingo, 31 de maio de 2015

MARIA DO ROSÁRIO PEDREIRA, in A CASA E O CHEIRO DOS LIVROS (Quetzal, 1996)

O verão deixa-me os olhos mais lentos sobre os livros.
As tardes vão-se repetindo no terraço, onde as palavras
são pequenos lugares de memória. Estou divorciada dos
outros pelo tempo destas entrelinhas - longe de casa,
tenho sonhos que não conto a ninguém, viro devagar

a primeira página: em fevereiro ainda faziam amor
à sexta-feira. De manhã, ela torrava pão e espremia
laranjas numa cozinha fria. Havia mais toalhas para lavar
ao domingo, cabelos curtos colados teimosamente ao espelho.
Às vezes, chovia e ambos liam o jornal, dentro do carro,
antes de se despedirem. Às vezes, repartiam sofregamente
a infância, postais antigos, o silêncio - nada

aconteceu entretanto. Regresso, pois, à primeira linha,
à verdade que remexe entre as minhas mãos. Talvez os olhos
estivessem apenas desatentos sobre o livro; talvez as histórias
se repitam mesmo, como as tardes passadas no terraço, longe
de casa. Aqui tenho sonhos que não conto a ninguém.


Têmpera s/ papel: Woman reading, por Vasile Ion



sábado, 16 de maio de 2015

A taça

A minha taça ergo, em louvor 
daquela em que tudo é belo 
e para todas as mulheres 
serve, parece, de modelo. 
A ela, um brinde, E se na terra 
outras houvesse a elas iguais, 
Seria a vida só poesia 
e o tédio um nome e nada mais.


Edward Coate Pinckney


terça-feira, 5 de maio de 2015

The Visitors, Abba

Nada é por acaso

Reergo-me agora
no meu pequeno mundo
para depois reerguer
um outro mundo maior
porque és o meu apoio
e a alavanca,                
o instinto de sobrevivência.

Maria José Meireles

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Apuro os sentidos... e vejo...

Mas vejo apenas o que os meus olhos querem ver.
Vejo a paz na confusão, a bondade em cada não!
Ouço, ouço apenas melodias.
Transformo gritarias, buzinas e correrias,
em suaves passos, em músicas e seus compassos!
Sinto, sinto a solidão no olhar da multidão
e transformo-a num sorriso de gratidão!
Apuro, com o olfato, o odor de um cato…
Sim, porque disso sou capaz
e tudo o resto fica para trás.
E toco um mundo novo, mudo-o.
O mal é apenas algo um pouco temível
mas, com a voz da razão,
cabe-me na palma da mão
e jamais me tocará o coração.
Assim, vou mais além,
Olho-me, sinto, cheiro-me e ouço
Como nunca o fez ninguém…


Ana Paula Costa  

sábado, 25 de abril de 2015

Menina que passa

Vinha cansada de tudo
De tantos caminhos
Tão sem poesia
Tão sem passarinhos
Com medo da vida
Com medo de amar
Quando na tarde vazia
Tão linda no espaço
Eu vi a menina
Que vinha num passo
Cheio de balanço
Caminho do mar

Vinicius de Moraes


terça-feira, 21 de abril de 2015

Celeiro

Nunca partirei
se não guardar
a casa
no alforge

João Manuel Ribeiro, 
Trajectória Inconsútil do Desejo


domingo, 19 de abril de 2015

Curiosidades

O toque identificável dos telemóveis Nokia, ou Nokia tune, é uma frase melódica de uma composição intitulada Gran Vals, do compositor espanhol Francisco Tárrega (1852-1909). 
Certamente, Tárrega nunca imaginaria  que essa melodia, composta em 1902, passasse a ser ouvida em todo o mundo, aproximadamente 1,8 biliões de vezes por dia, cerca de 20000 vezes por segundo!

                            

sábado, 18 de abril de 2015

Amanhã

Já bebi deste dia o luar
já dele consumi o calor
olhei os campos, jardins deste verde mar
e do céu guardei todas as flores.
Não creio que se acabe a minha fortuna
nem que o jardim não volte a florir.
Amanhã volto a beber luar
e o verde mar não terá fim.
Creio no poder das ondas
e na imensidão do céu infinito
na luz das estrelas e no amor.
Amanhã voltarei a beber luar
as flores do meu jardim voltarão a crescer
e o abraço que ontem não tive
terei amanhã.

(Poema de Céu Cruz)


sexta-feira, 17 de abril de 2015

Paz...

Hoje
quero
deitar a minha cabeça
no teu colo
peço que
a afagues
com as tuas mãos
divinas.
Ensina-me
uma oração
que cure as dores da alma
e dá-me
somente um pouco
da tua paz
que não a quero toda.




Música: Elza Seixas
Poema: Maria José Meireles

Música indiana - Ravi Shankar

domingo, 12 de abril de 2015

Céu enfim azul


Estou das tuas mãos
porque foram as únicas
capazes de me lerem
no sentido das nuvens
ou do céu enfim azul
e não me quero noutras 
por enquanto.

Maria José Meireles


sexta-feira, 10 de abril de 2015

Poesia

Em nome da tua ausência
Construí com loucura uma grande casa branca
E ao longo das paredes te chorei.


Sophia de Mello Breyner Andresen (1ª ed, Lisboa, Moraes Editores, 1972), in Obra Poética(Caminho, 2010)





Óleo s/ tela:White House in Sunshine, Ravello, Italy, por ©Margaret Barnard

domingo, 5 de abril de 2015

Páscoa


Feliz Páscoa
Felices Pascuas
Joyeuses Pâques
Happy Easter
Frohe Ostern


sexta-feira, 3 de abril de 2015

Poesia

Intervalo 

Ela não tem depressão 
porque ele partiu 
mas porque ainda não chegou 
outro. 
Ela tem depressão essencial 
para criar. 

(Maria José Meireles)


quarta-feira, 25 de março de 2015

Pensamentos

"Triste era esta em que vivemos,
em que é mais fácil desintegrar um átomo
do que um preconceito."

(Albert Einstein: 1879-1955)

sábado, 28 de fevereiro de 2015

Curiosidades

"Certas árvores desafiam o passar dos séculos; dentre elas incluem-se os cedros. Uma vez vi um cedro, em cujo tronco um certo João e uma certa Maria, após promessas de amor eterno, gravaram os seus nomes e a data, 10 de abril de 1540. Ainda hoje é possível ler-se essa gravação no alto do tronco, a 40 metros de altura, no meio da copa, visitada pelo canto dos pássaros e pelo constante sussurro do vento. Passaram-se mais de 440 anos, mas essa jura de amor parece ter sido feita ontem."

(Giovanni Mosca: 1908-1983)



domingo, 22 de fevereiro de 2015

Pensamentos

"Não te contentes em admirar as pessoas bondosas.
Imita-as."

(Sócrates: 469 a. C. - 399 a. C.)


terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Cesta de papel



Base da cesta com pés
Cesta com 4,5 cm de altura
Base da cesta
Medidas: 12 cm de comprimento
      10 cm de largura

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Pensamentos

"Os cientistas dizem que somos feitos de átomos
mas um passarinho me contou que somos feitos de histórias." 

(Eduardo Galeano: 1940)


sábado, 14 de fevereiro de 2015

Pensamentos

"Para saber que sabemos o que sabemos,
e saber que não sabemos o que não sabemos,
há que ter um certo conhecimento."

(Nicolau Copérnico: 1473-1543)

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Pensamentos

"Música é vida interior
e quem tem vida interior
jamais padecerá de solidão."

(Artur de Távola: 1936-2008)



terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Pensamentos



"Creio que foi o sorriso,
o sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com muita luz
lá dentro, apetecia entrar nele, 
tirar a roupa, 
ficar nú dentro daquele sorriso.
Correr, navegar, morrer naquele sorriso."

(Eugénio de Andrade: 1923-2005)




sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Pensamentos

"Abençoadas são as pessoas estranhas, 
poetas, 
desajustados, 
escritores 
e sonhadores 
porque eles nos ensinam a ver o mundo com olhos diferentes."

(Jacob Nordby: 1973)



quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Pensamentos



"Nenhum Ser Humano é uma inutilidade num mundo feito.
Mas sim o obreiro de um mundo por fazer.”

(Leonardo Coimbra: 1883-1936)