terça-feira, 19 de setembro de 2017
quinta-feira, 7 de setembro de 2017
quinta-feira, 17 de agosto de 2017
quarta-feira, 5 de julho de 2017
Álvaro de Campos
«No tempo em que
festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que
festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
Sim, o que
fui de suposto a mim mesmo,
O que fui de coração e parentesco,
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino.
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho...)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!
O que fui de coração e parentesco,
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino.
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho...)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!
O que eu sou
hoje é como a humidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa.
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa.
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...
No tempo em
que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!
Vejo tudo
outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado —,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado —,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Pára, meu
coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...
O tempo em
que festejavam o dia dos meus anos!...»
Álvaro de
Campos
quinta-feira, 29 de junho de 2017
Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?
CECÍLIA MEIRELES
terça-feira, 20 de junho de 2017
segunda-feira, 19 de junho de 2017
Os Meus Sonhos São Mais Belos que a Conversa Alheia
Não faço visitas, nem ando em sociedade alguma - nem de salas, nem de
cafés. Fazê-lo seria sacrificar a minha unidade interior, entregar-me a
conversas inúteis, furtar tempo senão aos meus raciocínios e aos meus projectos,
pelo menos aos meus sonhos, que sempre são mais belos que a conversa
alheia.
Devo-me a humanidade futura. Quanto me desperdiçar, desperdiço do divino património possível dos homens de amanhã; diminuo-lhes a felicidade que lhes posso dar e diminuo-me a mim-próprio, não só aos meus olhos reais, mas aos olhos possíveis de Deus.
Isto pode não ser assim, mas sinto que é meu dever crê-lo.
Fernando Pessoa, 'Inéditos'
Devo-me a humanidade futura. Quanto me desperdiçar, desperdiço do divino património possível dos homens de amanhã; diminuo-lhes a felicidade que lhes posso dar e diminuo-me a mim-próprio, não só aos meus olhos reais, mas aos olhos possíveis de Deus.
Isto pode não ser assim, mas sinto que é meu dever crê-lo.
Fernando Pessoa, 'Inéditos'
quinta-feira, 8 de junho de 2017
terça-feira, 6 de junho de 2017
Mãe
Mãe:
Que desgraça na vida aconteceu,
Que ficaste insensível e gelada?
Que todo o teu perfil se endureceu
Numa linha severa e desenhada?
Como as estátuas, que são gente nossa
Cansada de palavras e ternura,
Assim tu me pareces no teu leito.
Presença cinzelada em pedra dura,
Que não tem coração dentro do peito.
Chamo aos gritos por ti — não me respondes.
Beijo-te as mãos e o rosto — sinto frio.
Ou és outra, ou me enganas, ou te escondes
Por detrás do terror deste vazio.
Mãe:
Abre os olhos ao menos, diz que sim!
Diz que me vês ainda, que me queres.
Que és a eterna mulher entre as mulheres.
Que nem a morte te afastou de mim!
Miguel Torga, in 'Diário IV'
Que ficaste insensível e gelada?
Que todo o teu perfil se endureceu
Numa linha severa e desenhada?
Como as estátuas, que são gente nossa
Cansada de palavras e ternura,
Assim tu me pareces no teu leito.
Presença cinzelada em pedra dura,
Que não tem coração dentro do peito.
Chamo aos gritos por ti — não me respondes.
Beijo-te as mãos e o rosto — sinto frio.
Ou és outra, ou me enganas, ou te escondes
Por detrás do terror deste vazio.
Mãe:
Abre os olhos ao menos, diz que sim!
Diz que me vês ainda, que me queres.
Que és a eterna mulher entre as mulheres.
Que nem a morte te afastou de mim!
Miguel Torga, in 'Diário IV'
sexta-feira, 10 de março de 2017
domingo, 26 de fevereiro de 2017
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017
terça-feira, 14 de fevereiro de 2017
quinta-feira, 26 de janeiro de 2017
O
AMOR…
Quando
propus a teoria da relatividade, muito poucos me entenderam, e o que lhe revelarei
agora para que o transmita à humanidade, também se chocará contra a
incompreensão e os preconceitos do mundo.
Peço-lhe
mesmo assim, que o guarde o tempo todo que seja necessário, anos, décadas, até
que a sociedade haja avançado o suficiente para acolher o que lhe explico a
seguir.
Existe
uma força extremamente poderosa para a qual a ciência não encontrou ainda uma
explicação formal.
É
uma força que inclui e governa todas as outras, e que está inclusa dentro de
qualquer fenômeno que atua no universo e que ainda não foi identificada por
nós.
Esta
força universal é o Amor.
Quando
os cientistas buscam uma teoria unificada do universo, esquecem da mais
invisível e poderosa das forças.
O
amor é luz, já que ilumina quem o dá e o recebe.
O
amor é gravidade porque faz com que umas pessoas sejam atraídas por outras.
O
amor é potencia, porque multiplica o melhor que temos e permite que a
humanidade não se extinga no seu egoísmo cego.
O
amor revela e desvela. Por amor se vive e se morre.
Esta
força explica tudo e dá sentido em maiúscula à vida.
Esta
é a variável que temos evitado durante tempo demais, talvez porque o amor nos
dá medo, já que é a única energia do universo que o ser humano não aprendeu a
manobrar segundo seu bel prazer.
Para
dar visibilidade ao amor, fiz uma simples substituição na minha mais célebre
equação. Si no lugar de E=mc² aceitamos que a energia necessária para sanar o
mundo pode ser obtida através do amor multiplicado pela velocidade da luz ao
quadrado, chegaremos à conclusão de que o amor é a força mais poderosa que
existe, porque não tem limite.
Após
o fracasso da humanidade no uso e controle das outras forças do universo que se
voltaram contra nós, é urgente que nos alimentemos de outro tipo de energia.
Se
quisermos que nossa espécie sobreviva, se nos propusermos encontrar um sentido
à vida, se desejarmos salvar o mundo e que cada ser sinta que nele habita, o
amor é a única e última resposta.
Talvez
ainda não estejamos preparados para fabricar uma bomba de amor, um artefato
bastante potente para destruir todo o ódio, o egoísmo e a avareza que assolam o
planeta.
Porém,
cada individuo leva no seu Interior , um pequeno mas poderoso gerador de amor
cuja energia espera ser liberada.
Quando
aprendermos a dar e receber esta energia universal, querida Lieserl,
comprovaremos que o amor tudo vence, tudo transcende e tudo pode, porque o amor
é a quintessência da vida.
Lamento
profundamente não ter sabido expressar o que abriga meu coração, que há batido
silenciosamente por você toda minha vida.
Talvez
seja tarde demais para pedir-lhe perdão, mas como o tempo é relativo, preciso
dizer-lhe que a amo e que graças a você, cheguei à ultima resposta.
Seu
pai,
Albert
Einstein
domingo, 22 de janeiro de 2017
sábado, 21 de janeiro de 2017
terça-feira, 17 de janeiro de 2017
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